O Exército concluiu uma sindicância aberta para apurar a conduta de militares da Companhia de Guarda da Base de Administração e Apoio do Comando Militar do Planalto que teriam cantado o Hino Nacional ao lado de manifestantes enquanto ocorria a invasão ao Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro.
O documento, ao qual à CNN teve acesso, foi compartilhado com a CPMI do 8 de janeiro.
A apuração se deu a partir de vídeos que circulam na internet (assista abaixo).
O militar que aparece no vídeo foi identificado como o sargento Júlio César Fidélis Gomes. Na sindicância, ele justificou que “a ordem disseminada entre os militares tinha a manifesta intenção de acalmar os ânimos de todos os presentes e restabelecer o controle da situação de forma pacífica”.
O responsável pela apuração concluiu haver indícios de ocorrência de infração prevista no Regulamento Disciplinar do Exército: “portar-se de maneira inconveniente ou sem compostura”. Diante disso, foi recomendado que fosse aberto um procedimento investigatório complementar e individual visando a punição do militar.
A sindicância também apurou a conduta do major Saulo Paim Onoda, do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), que também teria dado supostas ordens a outros militares para que cantassem o hino junto com os manifestantes.
“Apesar de existirem indícios de tê-lo feito, conforme depoimentos citados na parte expositiva, o militar afirma que não deu a ordem, e não estava presente na cena durante o canto, pois estaria retirando os manifestantes”, disse o major ao se defender na sindicância.
De acordo com o documento, nos vídeos disponibilizados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) não é possível verificar o momento do canto do Hino Nacional pela tropa no salão nobre.
“Os presets da câmera não contemplam a posição da tropa em questão e não há som no vídeo. No vídeo do salão oeste e possível confirmar o depoimento do major Saulo Paim Onoda, que diz estar naquele local conduzindo os manifestantes para a saída de emergência”.
Apesar disso, a sindicância conclui que o fato de o militar emitir ordens fora da cadeia de comando trazem indícios de cometimento de transgressão disciplinar.
“Ao emitir ordens fora da cadeia de comando, o major Paim concorreu para a atmosfera confusa que se instaurou no salão nobre, pois interviu (sic.) no trabalho do comandante da companhia, contribuindo para o ambiente de desordem que se estabeleceu no local”, completa o texto.
A CNN tentou contato com o Comando Militar do Planalto, responsável pela sindicância, para saber dos desdobramentos da apuração. No entanto, até o momento, não obteve resposta.
Os militares citados na reportagem não foram encontrados até o momento.
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