Sunday, December 3, 2023
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Grande Premium: Márquez e Gresini: elo para sacudir estruturas – MotoGP


Nada será como antes na temporada 2024 da MotoGP. Ao menos no que diz respeito a Marc Márquez. Depois de 11 anos vestindo o uniforme da Honda, o espanhol abriu mão do status e das benesses de ser um piloto de fábrica para defender a Gresini, até aqui a última na fila das prioridades da Ducati.

Mas o que leva alguém a trocar uma equipe e fábrica por uma satélite? E a abrir mão de um salário anual de € 15 milhões (quase de R$ 80 milhões)? No caso do #93, a resposta é fácil: a fome. A fome de vitória.

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Marc Márquez vai guiar uma Ducati na temporada 2024 da MotoGP (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

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O piloto natural de Cervera tem um invejável currículo de oito títulos mundiais, 85 vitórias, 140 pódios e 92 poles. Só no campo dos triunfos, o aproveitamento é de 35% — e chegava a quase 39% antes da fratura sofrida na abertura da temporada 2020 da MotoGP.

Aquele GP da Espanha, aliás, é o ponto de partida de uma situação que termina em 2023. Quando fraturou o braço direito em uma queda em Jerez de la Frontera, o irmão de Álex viu a vida — e a carreira — virarem de ponta cabeça.

Antes de mais nada, é preciso reconhecer que a avaliação clínica pós-cirúrgica foi menos do que perfeita. O espanhol não só não estava pronto para voltar às pistas dias depois da cirurgia inicial, mas o excesso de esforço em um membro fragilizado também apresentava um enorme risco. E Marc pagou um preço alto.

Depois de danificar a placa de titânio colocada no osso na primeira operação, Marc caiu em uma espiral decrescente, que só foi interrompida após uma quarta intervenção. Assim, Márquez desperdiçou três anos da própria carreira.

Mas quando chegou a hora de ele voltar ao alto nível, a Honda não estava lá para acompanhar. O que tampouco era novidade. Os problemas de performance da RC213V já eram conhecidos — ficaram bastante evidentes durante a passagem de Jorge Lorenzo pelo time patrocinado pela Repsol —, mas a situação ficou mais e mais crítica com o passar do tempo. Enquanto a Ducati, especialmente, mas também as demais fábricas europeias cresciam e inovavam, a gigante japonesa ficou para trás, sem conseguir acompanhar o ritmo de desenvolvimento e investimento das adversárias — o que, aliás, acontece também com a Yamaha.

Neste meio tempo, Márquez fez tudo que estava ao alcance. Ele, inclusive, venceu três corridas. Mas, mais do que isso, pediu, cobrou, pressionou. Até mesmo a quarta cirurgia foi usada para pressionar a Honda pela evolução da RC213V. Mas a resposta não veio.

Marc Márquez não conseguiu ver reação na Honda na MotoGP (Foto: Repsol)

A Honda até tentou algumas mudanças, como a contratação de Ken Kawauchi, ex-Suzuki, para o posto de diretor-técnico, e a saída de Shinichi Kokubu, gerente-geral da divisão de desenvolvimento de tecnologia, por exemplo. Mas já era tarde. Aos 30 anos, o #93 não pode mais esperar.

Assim, o octacampeão do Mundial de Motovelocidade lançou mão de um último recurso para poder montar na melhor moto do momento: a Ducati. Com a ida para a Gresini, o mais velho dos irmãos Márquez terá uma Desmosedici GP23, ou seja, a versão desatualizada do protótipo italiano. Mas, ao longo dos últimos dois anos, Enea Bastianini e Marco Bezzecchi já provaram que isso não é um problema.

Com a mudança, Marc se põe a prova para entender se ainda pode ser aquele vencedor de antes e, de quebra, liga um enorme holofote para iluminar a MotoGP. Marc Márquez tem potencial para voltar a vencer e o tempo vai dizer se o sonho do título ainda é possível. Mas o Mundial de Motovelocidade vai poder monetizar essa aventura, com audiência e publicidade.

Uma versão estranha de Davi e Golias

O próximo passo de Márquez é cercado de expectativas também na imprensa. David Emmett, editor-chefe do site MotoMatters, avalia que a ida do espanhol para a Gresini será positiva não só para ele e a equipe de Nadia Padovani, mas também para a MotoGP e até para a própria Honda.

“A ida de Marc Márquez para a Gresini será ótima tanto para a MotoGP como para a Gresini”, diz Emmett ao GRANDE PREMIUM. “Antes de mais nada, ele vai levar muitos patrocinadores, tornando o futuro da equipe mais seguro. Mas, como vimos com Bastianini, aquela moto e aquela equipe são bons bastante para vencer corridas. E, como estamos vendo com Bezzecchi, boa o bastante para brigar pelo campeonato”, pondera.

Além disso, David entende que, desde a aposentadoria de Valentino Rossi, Márquez herdou o posto de grande estrela da MotoGP, mas o momento atual não era positivo também para o esporte.

Marc Márquez conquistou todos os títulos da carreira na MotoGP com a Honda (Foto: Repsol)

“A ida de Márquez para a Gresini é boa também para a MotoGP. Desde que Rossi se aposentou, Marc é a maior estrela da MotoGP, e tê-lo correndo por aí lutando por um lugar no top-10 é realmente ruim”, opina ao GP*. “Agora poderemos se ele ainda é rápido o bastante e o quão boa é essa geração de jovens pilotos. [Francesco] Bagnaia, [Jorge] Martín, [Marco] Bezzecchi com a chance de lutar contra Márquez com uma moto quase igual. Márquez vai levar alguma empolgação para a frente das corridas outra vez”, aposta.

Mesmo com a partida da principal estrela do time às vésperas do início de um novo campeonato, Emmett vê a Honda também como uma beneficiária deste divórcio antecipado.

“Isso também é bom para a Honda. Ter um seis vezes campeão da MotoGP na moto e falhar tão publicamente coloca muita pressão na fábrica japonesa. Agora, ninguém espera que eles vençam tão rapidamente”, considera. “Eles terão tempo para construir uma moto com que mais pilotos possam vencer. Em longo prazo, isso beneficia a Honda”, assegura.

O jornalista conclui a análise admitindo que está ansioso para ver o que Márquez pode fazer em cima da Ducati da equipe Gresini.

“Pessoalmente, estou muito empolgado para ver o que Márquez pode fazer, especialmente com uma moto satélite de um ano”, assume. “Veremos o que acontece quando você dá a um grande piloto um moto velha em uma equipe satélite e o coloca contra o poder de uma equipe de fábrica. É uma versão estranha de Davi e Golias”, resume.

Um presente para a MotoGP

A mudança de Márquez tem um objetivo: voltar a vencer. Mas, na prática, abre também uma enorme possibilidade para a MotoGP. Essa é a visão do jornalista italiano Enrico Borghi, editor-chefe da revista Slick.

No entender de Enrico, a associação entre Marc e Gresini vai resultar em uma grande audiência, já que cria um impacto que Joan Mir, Fabio Quartararo e Francesco Bagnaia não conseguiram ter.

“Para a MotoGP, é como um presente. É algo que não acontece há muitos anos e, com certeza, este desafio dará uma grande audiência ao campeonato em 2024, pois Mir, Quartararo e Bagnaia, os últimos três campeões mundiais, ‘só’ conquistaram o título mundial. Eles não fizeram muito pelo glamour da MotoGP”, diz Borghi ao GRANDE PREMIUM. “Só Márquez pode fazer isso, assim como Valentino [Rossi] fez antes. E agora a Dorna tem um grande evento para vender para todo mundo. A Dorna precisa de dinheiro para realizar o campeonato, e esse orçamento vem das TVs pagas, patrocinadores, promotores”, aponta.

Mudança de Marc Márquez vai afetar interesse pela MotoGP (Foto: Repsol)

“Não é como a temporada 2004, não dá para repetir um ano tão mágico, mas ainda é um ótimo desafio”, compara o italiano, que é autor do livro ‘Valentino Rossi – A obra-prima’, que conta a história do nove vezes campeão no Mundial de Motovelocidade com a Yamaha.

O jornalista acredita que a ideia dessa transferência surgiu em 2022, quando Marc não só percebeu que a Honda tinha ficado para trás, mas também que não estava disposta a reagir com a velocidade que ele gostaria.

“Começou em 2022, quando Márquez percebeu que a Honda tinha ficado para trás — em comparação com a Ducati — de uma maneira contundente. De fato, Marc, em outubro de 2022, no Japão, na sede da HRC, teve um enorme e dramática reunião: ele pediu à Honda por uma reação forte. Ele deixou claro: ‘Passei por quatro cirurgias só para voltar. Você deve fazer o mesmo esforço’”, recorda. “O problema é que a Ducati, assim como a Aprilia e agora a KTM, mudaram o nível da MotoGP. Não é só uma questão de motos, mas da organização dos engenheiros e da habilidade de produzir novas peças e desenvolver rapidamente, assim como sempre foi o caso na Fórmula 1”, considera.

“Marc pediu por tudo isso, mas a Honda — assim como a Yamaha — não parece determinada a investir tanto dinheiro como costumava investir no passado. Então, durante a temporada 2023, Marc percebeu que essa reação não estava lá”, frisa.

Borghi acredita que a própria ida de Álex Márquez para a equipe de Nadia Padovani, no início de 2023, faz parte deste plano do #93.

“Nunca se esqueça da inteligência de Marc. Ele empurrou o irmão para a Gresini para que tivesse detalhes e informações de com a Ducati funciona. Hoje, portanto, parece claro que Marc já tinha esse plano B em mente no final de 2022”, afirma. “Marc vai fazer 31 anos e, como ele só quer correr para vencer, ele não pode esperar a Honda para ser competitivo outra vez. Mas a questão é: a Honda realmente quer voltar? Esse é o ponto. Os japoneses parecem não se importar tanto com a MotoGP quanto no passado. É só ver o que a Suzuki fez…”, cita, se referindo a saída da fabrica japonesa do Mundial no fim do ano passado.

“Marc agora está com pressa, ele ficou louco com a obsessão de vencer… E a Ducati é a única moto com que ele pode agora vencer em todas as pistas. Em todas as condições. E mais: Marc sabe que não pode fazer tanta diferença quanto fazia antes, como os jovens pilotos, então ele precisa da tecnologia da Ducati”, defende. “Marc é obcecado em vencer, simplesmente porque durante toda a carreira — que começou com 4 anos! — ele não fez nada além de vencer. Lembre que em dez anos de Mundial, ele conquistou oito títulos em três classes diferentes. E quando ele arruinou a carreira dele, em 2020, ele era absolutamente inacessível e imbatível. Marc, na cabeça dele, ficou naquele momento”, pondera.

Ao longo dos últimos anos, Márquez mergulhou nas profundezas do inferno com o longo processo de recuperação e as constantes lesões resultantes da tentativa de ser competitivo com a moto que tinha em mãos. Assim, resta uma dúvida: o que ele ainda pode fazer?

“Ele pode vencer. Com certeza, ele pode vencer corridas e tem potencial para vencer o título também. Do ponto de vista clínico, o ombro dele está recuperado. E ele está pilotando bem. Claramente, o limite dele é a moto”, avalia Borghi. “É preciso levar em conta que Marc decidiu correr de graça para poder ter a Ducati. Ele desistiu de um salário de € 15 milhões, por um único ano. Isso representa uma motivação devastadora”, destaca ao GP*.

“E é muito importante: é preciso considerar que Marc tem um plano em mente. Em 2024, ele precisa ver se ainda pode pilotar para vencer, por isso que precisa da Ducati, pois precisa entender se pode realmente realizar o projeto de finalizar a carreira com a KTM”, indica. “Então, em 2025, ele irá para a KTM. Mas, se com a Ducati ele perceber que não pode bater os jovens, então provavelmente ele vai se aposentar. É por isso que a essa mudança, deixar a HRC por uma equipe privada da Ducati, é loucura ou estupidez só na superfície. Na realidade, faz sentido”, defende.

Marc Márquez vai formar dupla com o irmão Álex (Foto: Repsol)

Questionado sobre como essa mudança foi recebida na Itália, já que Márquez tem uma enorme rivalidade com Valentino Rossi, Borghi responde: “Parece que todos na VR46 estão chateados! A cúpula da Ducati decidiu não se importar com o que as outras equipes e pilotos Ducati pensam, e isso é um grande risco”.

“Esse movimento vai dar um grande impulso no orgulho da Ducati e, do ponto de vista do marketing, é algo extraordinário. No entanto, conhecendo Marc Márquez e a maneira de correr dele, existe um enorme risco de ele destruir o ambiente interno da Ducati”, completa.

MotoGP volta a acelerar no GP da Austrália, em Phillip Island, no final de semana do dia 22 de outubro. O GRANDE PRÊMIO faz a cobertura completa do evento, assim como das outras classes do Mundial de Motovelocidade.

Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Escanteio SP.

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25 de março de 2023
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